terça-feira, 16 de outubro de 2012

Entrevista ao Coordenador Distrital João Lemos



A JuveBombeiro é uma estrutura Nacional, que visa a promoção da atividade do Bombeiro junto dos mais jovens, no fundo é uma escola de Bombeiros, o Coordenador do Distrito de Beja, chama-se João Lemos e foi no edifício dos Bombeiros Voluntários de Aljustrel que tivemos oportunidade nesta semana de trocar umas palavras com o Coordenador, ficámos a conhecer outros pormenores da JuveBombeiro, aqui retratado no programa:
Coordenador Distrital: É uma estrutura de âmbito Nacional que tem por objetivo angariar novos bombeiros para os Corpos de Bombeiros, portanto é uma estrutura constituída por jovens, tem cerca de cinco mil aderentes a nível Nacional e a nível do Distrito de Beja, temos cerca de duzentos aderentes, pretendemos criar iniciativas para os jovens Bombeiros que já estão integrados nos Corpos de Bombeiros e também criar iniciativas que possam fomentar o voluntariado nos jovens e trazer novos elementos para os Corpos de Bombeiros. Portanto temos uma atividade a nível nacional com alguma dinâmica, a nível distrital também temos alguma dinâmica, e pretendemos passar para o exterior, para as escolas e não só, a nossa atividade, o que é os Bombeiros e tentar ter novos jovens nos Bombeiros.

Repórter: Quando falamos em jovens Bombeiros, estamos a falar de que idades, qual é o período pretendido?
Coordenador Distrital: Portanto, para os Bombeiros podem entrar como escolinhas de infantes a partir dos seis aos dezasseis, depois dos dezasseis aos dezassete temos os cadetes, todos eles em âmbito de escola, formação, depois temos dos a partir dos dezoito os estagiários, aí já fazem uma formação mais especifica que depois ao fim dessa formação de seis meses, se forem aprovados, passarão ao quadro ativo, a passar mesmo a Bombeiro, portanto são para estes jovens que nós dirigimos entre os seis e os trinta e cinco anos que podem entrar para os Bombeiros.

R: Indo mais ao pormenor, e focalizando então, quando falamos em escolas de Bombeiros, para um miúdo com seis anos, estamos a falar do quê, qual é a atividade no terreno, digamos assim?
CD: Portanto, há muitas pessoas que têm essa dúvida, pensam que os miudinhos vão logo para os incêndios para as ocorrências com alguma envergadura, não, o acesso deles a esse tipo de ocorrências é vedado até serem mesmo Bombeiros, portanto a partir dos dezoito anos, fazem aquela formação que referi à pouco, durante seis meses e só aí, se forem aprovados podem ir para as ocorrências. As atividades deles é variante, podendo ser de quinze em quinze dias ou todos os fins de semana e consistem em alguns conceitos básicos de primeiros socorros, o que fazer em caso de emergência ou incendio, não muito na área dos Bombeiros, são coisas mais básicas para eles.

R: Quando falamos em cadetes, o que é que fazem?
CD: Os cadetes são um aprofundar mais de matéria que foi dada anteriormente, mas já introduzindo mais alguns conceitos práticos do que nos infantes. Enquanto os infantes é o que fazer, os cadetes já é, como faço, ou seja, já têm que saber fazer algumas coisas, se encontrarem por exemplo uma vítima caída, eles aí já vão ter para além do alerta, já têm que saber fazer uma estabilização inicial de uma vítima.

R: Depois passam por aquele período de seis meses, antes dos dezoito anos, para passar a Bombeiro.
CD: Exatamente, portanto eles aí nesse período de seis meses irão ter formação de combate a incêndios florestais e urbanos, técnicas de socorrismo, comunicações, vão ter muitas outras matérias que já os vão preparar para um futuro nos Corpos de Bombeiros e poder responder aí a situações de ocorrência de alguma envergadura.

R: Quando é que percebem, ou como é que percebem que um jovem tem perfil para ser Bombeiro?
CD: É muito complicado, nós quando trabalhamos com voluntário é difícil nós definirmos um perfil, portanto o perfil é robustez física, se tem capacidade psicológica para desempenhar as funções, no entanto, os Corpos de Bombeiros hoje em dia, com falta de voluntariado, sujeitam-se às vezes a ter pessoas que não se encaixam no perfil definido, no entanto não é ao calha, faz-se uma seleção, a pessoa inscreve-se, entrega a ficha no Corpo de Bombeiros, o Comando por sua vez irá fazer uma entrevista a esse candidato e depois aí irá ver se tem capacidade ou não para desempenhar as suas funções com um mínimo de qualidade que se pretende.

R: Falou à pouco do Distrito de Beja, são cerca de duzentos aderentes, acredita que destes duzentos aderentes, cheguem a Bombeiro efetivo, qual a percentagem?
CD: É complicado, às vezes, quando se entra para o Corpo de Bombeiros não se tem a noção bem do que é ser Bombeiro, exige-se alguma dedicação, profissionalismo e nos Bombeiros, sendo uma estrutura para militar existem hierarquias e tem que se respeitar aqueles com maior graduação que a nossa e às vezes, nos jovens de hoje é difícil incutir o respeito para os outros, portanto, é um pouco complicado segurar estes jovens até ao final do processo formativo e continuar na carreira de Bombeiro. Não acredito que seja os 100% a chegar à carreira de Bombeiro, mas se calhar uns 50% a 60% é capaz de lá chegar.

R: João, em relação às dificuldades dos Bombeiros, temos tido nos últimos anos um grande debate ‘Voluntários/Profissionais’, qual é a sua ideia, qual é o seu ponto de vista para esta discussão?
CD: Bombeiros Voluntários, não querem dizer que não sejam profissionais, portanto, os Sapadores, pessoas que diariamente trabalham para desempenharem a sua missão são pessoas que estão mais preparadas, com um perfil físico diferente, no entanto, os Voluntários também eles contribuem para a resolução das operações de socorro no nosso País e penso também que estão com algum grau de preparação igual capaz de responder às operações de socorro, portanto, não vejo aqui grande diferença, trabalhamos todos para o mesmo, o objetivo é o socorro, estamos cá todos pelo mesmo, acho que todos nos completamos, ninguém é mais do que ninguém.

R: Falou à pouco também das dificuldades dos Corpos de Bombeiros do Distrito em encontrarem voluntários, essas dificuldades são a que nível, os jovens não recebendo nada não vêm dar também o seu tempo, ocupam-no com computadores, os amigos e por aí a fora, é isso que tentam também na JuveBombeiro, também reverter?
CD: Exatamente, nós, os Bombeiros, como tinha referido à pouco, têm disciplina, rigor, e têm algumas normas duras que para os jovens é complicado, nós a JuveBombeiro, tentamos criar umas atividades mais lúdicas e diferentes, para que os jovens consigam também se rever no espirito do voluntariado e perceber que existe horas que é para estarmos empenhados na nossa missão e há horas que podemos ter também algum convívio, camaradagem em conjunto e também conhecermos novas pessoas, de outros sítios e partilharmos experiencias.

R: Em relação àquilo que podemos dizer aos jovens e aos pais que por vezes também poderão ter algumas dúvidas na inscrição dos filhos, isto é tudo muito seguro, muito profissional, com muita calma, vão ensinando?
CD: Exatamente, no geral todas as escolas de infantes e cadetes e de estagiários, tem por trás uma equipa de tutores e uma equipa de pessoas que até por vezes são jovens que incutem aos mais novos algumas responsabilidades e olham também por eles, zelam pela segurança de todos, portanto, quando cá estão, eles estão seguros e é de realçar que existe casos como jovens que se encontravam com catorze anos no álcool e na toxicodependência e já houve resultados favoráveis em relação a essas situações, portanto nós tentamos dar alguma, não é educação, porque a educação quem a dá é os pais mas incutir-lhes algumas regras e normas de bom senso para viver em sociedade.

Programa responsável: TLA
Município de Aljustrel, Rui Miguel Gomes.

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